Museu mostra importância do café para a cidade de Santos e a economia do País

O Museu do Café chama a atenção de quem passa pelo Centro Histórico de Santos. É um prédio imponente à altura do produto que dominou a economia brasileira entre o final do século 19 e a década de 1930. Os detalhes sobre a cultura e a história da bebida estão espalhados pelo local, que nasceu como Bolsa Oficial de Café.
Foi inaugurado em 7 de setembro de 1922 – no centenário da Independência do Brasil – e no momento em que a commoditie ainda liderava a lista das exportações. Afinal, o chamado ouro verde reinava no País e embalava o crescimento da Cidade e do Porto, que se tornaria o maior da América Latina.
A construção durou dois anos e os barões do Café não economizaram. O prédio em estilo eclético, com 6 mil metros quadrados, possui quatro andares erguidos com diversos materiais importados e de primeira linha. Mas apenas dois pavimentos – o térreo e o primeiro andar – estão abertos ao público atualmente.
A visita – que pode ser monitorada ou não – leva em torno de uma hora. Para os mais curiosos e detalhistas: as explicações dos educadores, que apresentam pitadas históricas especiais durante o passeio, valem a pena.
O tour pelo equipamento centenário começa pelo Salão do Pregão, o coração da Bolsa do Café. Era ali que ocorriam as negociações e se fechava o preço da saca diariamente. Os pregões foram realizados até a década de 1950, sendo transferidos para a Capital a partir daí.
As 70 cadeiras e mesas utilizadas pelos corretores estão preservadas, assim como o quadro onde os valores eram anotados. Todos foram confeccionados em madeira e estão entre as poucas peças criadas com material local.
Já o piso foi feito em mármore italiano, as luminárias são francesas e o relógio veio da Suíça, conta a educadora Juliana Alegre. “A decoração é toda feita em gesso e foi executada pela chamada Casa Mazzoni, uma empresa italiana”.
A ostentação sai do chão para o teto. Prepare o pescoço para admirar um imenso vitral feito pela Casa Conrado – primeiro ateliê de vitrais do Brasil, fundado pelo artesão alemão Conrado Sorgenicht, em 1889. A Casa Conrado foi a responsável por transformar a obra de Benedito Calixto, feita especialmente para a Bolsa do Café, em pinturas sobre vidro, explica Juliana. São três telas unidas, ricas em detalhes, retratando momentos distintos da história do Brasil na visão de Calixto.
“No centro, está a imagem de uma deusa que representaria a Mãe do Ouro. Ela entrega o metal para que sereias o escondessem no fundo do rio. A ideia era proteger a riqueza para que não fosse parar nas mãos dos bandeirantes. Exalta ainda a natureza, mostrando a fauna e a flora no período colonial”.
À esquerda da tela, o destaque fica para o período imperial. “Vemos o predomínio da agricultura, destacando os vários produtos que o País produzia. Temos o açúcar que na época era escrito com dois esses e Ceres, a deusa romana da agricultura”.
Já na terceira parte, a referência é a República. “Comércio e a indústria nascendo. A vinda das pessoas para os grandes centros e o Porto de Santos mais desenvolvido. Ao Centro, Deus Mercúrio – da indústria e do comércio – e uma mulher de verde amarelo, representando a Pátria”.
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